quarta-feira, 5 de junho de 2013

Reflexão Final

E chega assim ao fim mais uma etapa do meu percurso enquanto aluna estagiária do Curso de Saúde Ambiental, agora já na reta final :)

Neste último estágio, o meu principal objetivo foi a aquisição de competências especificas na área de Higiene Saúde e Segurança no Trabalho, onde o contacto com novas realidades e experiências me iria proporcionar "bagagem" para o meu futuro profissional enquanto Técnica de Saúde Ambiental. A escolha do local de estágio (APS), deveu-se ao facto de ser uma entidade de referência do país, e sem dúvida o local ideal para alcançar o meu objetivo.
Foi um estágio bastante gratificante, devo enaltecer a autonomia, liberdade e confiança que  me foi atribuída por toda a equipa com quem tive oportunidade de trabalhar.
Gostaria de expressar o meu agradecimento a toda a equipa do Departamento de Ambiente e Segurança da Administração do Porto de Sines, ao Comandante José Fontes, à Engª. Suse Correia, à Engª. Adelaide Bernardino e à Dra. Andreia Calado.

Gostaria ainda de agradecer a todos os Docentes que leccionaram as Unidades Curriculares desta licenciatura, em especial à Professora Raquel Santos, ao Professor Rogério Nunes,  à Professora Cidália Guia e ao Professor Manuel Albino, que foram incansáveis. 

A todos um muito obrigada, foi um prazer partilhar estes 4 anos com pessoas maravilhosas!

 Como dizia Warren Buffet: 

“Faça aquilo que gosta e não terá de trabalhar um único dia na sua vida”





quarta-feira, 29 de maio de 2013

Controlo e Monitorização das Águas Costeiras

Caros leitores, na sequência da notícia anteriormente publicada, vou falar-vos hoje, sobre a vigilância das águas costeiras da responsabilidade da APS.  

A água costeira (zona de mar mais próxima da costa) que define o concelho de Sines, pode ficar comprometida quanto à sua qualidade por diversos condicionantes, nomeadamente: 
  • Pelo funcionamento do Porto Sines e eventuais descargas não controladas de águas residuais urbanas e industriais (limpeza de navios, derrames de transferências, entre outros), ou então;
  • Por descargas não controladas de águas residuais domésticas e industriais (por exemplo, através da rede hidrológica superficial).
Deste modo, e garantindo assim, que a saúde pública não fique comprometida, a Universidade de Évora realiza, desde 1997, estudos de monitorização de ambientes marinhos do Porto de Sines, nomeadamente sobre, água, sedimento, substratos duros e organismos indicadores. O planeamento destes estudos tem em atenção a legislação nacional e comunitária sobre a avaliação da qualidade de ambientes marinhos, nas condições particulares do Porto de Sines.

Atualmente a APS utiliza o SIIG (Sistema de Informação e Identificação Geográfica), ferramenta transversal que suporta diferentes áreas de negócio, desde o Planeamento e Operações Portuárias, a Gestão de Concessões, o Cadastro e Ordenamento Portuário, a Gestão de Infraestruturas e Equipamentos, à Segurança e Ambiente.

O SIIG é um projecto suportado na Tecnologia ArcGIS e desenvolvido em parceria tecnológica com a Esri Portugal, assume relevância no âmbito da otimização dos recursos operacionais, reduzindo os tempos de espera de navios em porto e contribuindo para o aumento de eficiência das operações.



Figura 5 - Monitorização ambiental – consulta da evolução temporal dos indicadores ambientais (consulta gráfica)

No que diz respeito às águas balneares integradas na área de jurisdição da APS, o plano geral de vigilância implementado pela Universidade de Évora realiza exames químicos e microbiológicos, sendo estudadas várias variáveis. Os parâmetros  microbiológicas analisados são:

  • Coliformes totais e fecais, indicadores de poluição fecal;
  • Estreptococos fecais, também um indicador de poluição fecal, devendo ser monitorizado caso se manifestem indícios de deterioração da qualidade da água.

Os parâmetros físico-químicos são:

  • Temperatura e salinidade, variáveis de utilização geral na caracterização física de águas marinhas, podendo influenciar a concentração de contaminantes; 
  • Oxigénio dissolvido e pH, o oxigénio dissolvido é o principal parâmetro de caracterização dos efeitos da poluição por lançamentos orgânicos,  as alterações de pH podem resultar diretamente de atividades humanas;
  • Transparência, utilizada como indicador de materiais em suspensão, potencialmente prejudiciais para os organismos filtradores e condicionadores da distribuição e abundância do plâncton;
  • Fenóis, podem ocorrer em descargas domésticas ou industriais, provêm da decomposição de detergentes;
  • Óleos e gorduras, quando vertidos em efluentes tratados ou em águas residuais, podem causar filmes superficiais e depósitos ao longo da linha de costa, provocando degradação ambiental;
  • Substâncias tensioactivas, são os principais componentes dos detergentes, estes compostos orgânicos, ou a sua mistura com hidrocarbonetos, podem ter maior toxicidade que os hidrocarbonetos isolados;
  • Hidrocarbonetos totais, podem ser resultantes de produtos derivados do petróleo,  podendo ser cancerígenos em baixas concentrações e, apesar de serem relativamente insolúveis na água, a sua elevada toxicidade justifica a sua monitorização em ambientes aquáticos.
Nestas ultimas semana de estágio, temo-nos dedicado à compilação dos dados resultantes do controlo e monitorização da caracterização ambiental do Porto de Sines, em documentos Excel,  com a finalidade de serem introduzidos no programa SIIG. Ficando assim disponível, informação importante e de fácil acesso a todos os utilizadores.



Documentos de Interesse:

terça-feira, 28 de maio de 2013

Qualidade das águas balneares diminui em Portugal mas cresce na União Europeia

Relatório anual da Agência Europeia do Ambiente conclui que 94% das águas balneares da União Europeia cumprem as normas para a qualidade na água. Portugal está entre os países com maiores valores de qualidade, mas caiu face ao ano anterior.

Segundo o relatório anual da Agência Europeia do Ambiente, que estudou a qualidade das águas balneares na União Europeia no Verão de 2012, 94% das zonas balneares cumprem as normas mínimas para a qualidade da água. Estes valores representam um crescimento de 2% face ao ano passado.

Em Portugal, a percentagem de zonas balneares com excelente qualidade de água é de 87%. Apesar de superar a média da UE, juntamente com a Grécia, Alemanha, Malta, Croácia, Finlândia, Itália e Espanha, é registada uma diminuição de 4,8 pontos percentuais face ao ano passado.

As autoridades portuguesas ofereceram dados relevantes para esta diminuição à Agência Europeia do Ambiente. A perda de qualidade das águas pode ser causada por se encontrar perto de riachos não tratados, com descargas de chuva recolhida. O sistema de drenagem pluvial pode também ser causa de poluição, provavelmente devido a descargas ilegais de águas residuais.

As autoridades informaram também que estão a ser feitos esforços para desenvolver a rede de tratamento de águas residuais urbanas para garantir que não são feitas descargas ilegais ou acidentais em água de qualidade.

Os piores casos apresentados em Portugal, para a época balnear de 2012 onde incide este estudo, que não preenchem os requisitos, são a praia fluvial do Agroal (em Tomar),praia fluvial de Fragas de S. Simão (Figueiró dos Vinhos), praia fluvial Pontilhão da Valeta (Arcos de Valdevez) e Praia de S.Roque (Lagos).

A costa litoral é a que apresenta maiores valores de zonas balneares com excelente qualidade de água, com a sua larga maioria classificada nesta categoria.

No centro e norte do país encontram-se a maioria das águas balneares com qualidade suficiente ou muito pobre.

Portugal representa cerca de 2,5% das águas balneares europeias, com 526 zonas registadas (incluindo Açores e Madeira).

21 Maio 2013, 15:23 por Maria Ribeiro
Jornal de Negócios 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Visita aos Postos de Trabalho das Embarcações e Edifício de Apoio


A fim de testarmos mais uma Lista de Verificação, agora destinada às funções desempenhadas pelos pilotos e tripulantes das lanchas, realizámos uma visita ao Edifício de Apoio do Porto de Serviços, ao Porto de Serviços, ao Porto de Abrigo e às embarcações que se destinam ao transporte dos pilotos até aos navios. Esta visita tão abrangente, teve como finalidade verificar o percurso efetuado pelos pilotos e restantes profissionais envolvidos no processo de embarque em navio.   
Seguindo o mesmo modelo dos documentos de avaliação anteriores, este, encontra-se dividido por Edifício de Apoio e Embarcações. A primeira parte,  engloba todas as atividades desenvolvidas no edifício , nomeadamente trabalhos administrativos e descanso do pessoal sendo avaliadas as condições de Higiene e Segurança da sala destinada a esse mesmo fim, incluindo cozinha e instalações sanitárias/Balneário. Nas Embarcações são verificadas as condições gerais da mesma e os todos os equipamentos de salvamento.

Segundo o ponto 1, do artigo 19.º, do CAPÍTULO II do  Decreto-Lei 265/72 de 31 de julho, as lanchas classificam-se como Embarcações Auxiliares, sendo para os efeitos embarcação,  todo o engenho ou aparelho de qualquer natureza, exceto um hidroavião amarado, utilizado ou suscetível de ser utilizado como meio de transporte sobre água. 

Nas avaliações das embarcações, deve ser tida especial atenção:
  • Ao local onde as mesmas se encontram atracadas, pois este deve ser seguro de modo a permitir um embarque fácil e em segurança;
  • Devem ser bem higienizadas e arrumadas;
  • Todos os objetos devem estar bem fixos de modo a evitar possíveis danos;
  • A Iluminação artificial deve ser adequada/suficiente quando realizado trabalho noturno;
  • Os ruídos/vibrações provocados pelo funcionamento dos motores da embarcação, não devem prejudicar a saúde e o bem-estar dos ocupantes da mesma;
  • O equipamento elétrico deve encontrar-se em bom estado de conservação;
  • As embarcações devem estar providas de depósitos de resíduos;
  • Deve existir sinalização adequada quanto à utilização de EPI's;
  • O trabalhador deve possuir EPI adequado ao desempenho das suas funções (devendo ter presente as condições de utilização, conservação e substituição).
  • O trabalhador não deve utilizar EPI que não tenha sido fornecido pela empresa.

No que respeita aos equipamentos de salvamento:
  • Os meios de sinalização e salvamento devem estar devidamente identificados;
  • As embarcações devem possuir jangadas, (que podem ser pneumáticas de modelo simplificado com equipamento mínimo ou abertas reversível),para todas as pessoas embarcadas.
  • Devem existir coletes de salvação em número correspondente ao número de pessoas a embarcar.
  • A lancha deve possuir pelo menos dois sinais para-quedas;
  • A lancha deve possuir pelo menos dois fachos de mão.
  • A lancha deve possuir pelo menos uma boia de salvação equipada com retenida flutuante.
  • Os meios de combate a incêndio devem encontrar-se válidos, em bom estado de conservação e corretamente armazenados.
A manobra de embarque acarreta muitos perigos que não podem ser de todo eliminados, no entanto, se forem mantidas condições de segurança, podem ser reduzidos. O vídeo seguinte, mostra como é efetuado o embarque do piloto para o navio.

 


Fatores que podem aumentar o risco de acidentes:
  • Longos turnos de trabalho que causam cansaço;
  • Navios velhos ou que não têm uma manutenção adequada;
  • Presença de maquinaria perigosa;
  • Espaços de trabalho exíguos e com obstáculos;
  • Perigos próprios da atividade (por exemplo, o mar, as condições meteorológicas);
  • Falta de formação ou de conhecimentos especializados;
  • Falta de controlo do desempenho em matéria de segurança;
  • Não identificação de perigos;
  • Não aplicação ou utilização de medidas de segurança ou de equipamento de proteção.

Perigo provenientes das embarcações

Ruído

O elevado nível de ruído da maquinaria é comum a bordo das embarcações. Sempre que possível, deve-se evitar a exposição dos trabalhadores a ruídos por outros meios além da proteção auricular, designadamente:
  • Introduzindo controlos mecânicos (por exemplo, equipando os exaustores de ar com silenciadores);
  • Introduzindo elementos de controlo do ruído entre a fonte e o trabalhador;
  • Alterando as modalidades de trabalho;
  • Realizando a manutenção de maquinaria e equipamento.

Frio, humidade, vento e sol

O processo de embarque também é praticado em diversas condições ambientais como, frio, humidade, vento e calor, condições estas que aumentam o risco de lesões e doenças. O risco de lesões da pele e dos olhos causadas pela exposição ao sol é maior no mar do que em terra pois não existe atenuação da reflexão da luz solar no mar.
É necessário usar vestuário de trabalho justo, isotérmico e resistente à água, bem como cremes solares com um elevado fator de proteção. Os óculos de sol contribuem para prevenção dos Problemas oftalmológicos.

Como se pode verificar no vídeo apresentado, o piloto realizada o embarque com a ajuda de um outro tripulante, manobra arriscada que poderia ser minimizada se ambos colocassem arnês (imagem 1). A maior parte dos navios têm grade altura, e possuem escadas quebra-costas (imagem 2) tornando este processo moroso e muito perigoso, possibilitando queda ao mar.


Imagem 1: Arnês
Imagem 2: Escadas Quebra-Costas



















É necessário conferir prioridade a medidas que eliminem ou reduzam os perigos na sua origem e que proporcionem uma proteção coletiva uma vez que as quedas em altura constituem a causa mais comum de lesões e mortes. 

Documentos de Interesse:

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Visita aos Postos de Trabalho do Edifício de Intervenção

Nestas semanas, demos continuidade ao desenvolvimento de Listas de Verificação, ficando concluída a referente ao Edifício de Intervenção.
Imagem 1: Edifício de Intervenção
Este documento é em tudo semelhante ao do Edifício Administrativo, sendo compostos por tópicos principais e subtópicos.
Um dos tópicos principais é designado por Condições Gerais do Posto de Trabalho, contendo como subtópico: as Disposições Gerais, que por sua vez, engloba um total de 24 itens onde são averiguadas nomeadamente, condições gerais de higienização e arrumação, existência de ruído prejudicial, existência de EPI's, entre outros.
O segundo tópico refere-se à Central de Segurança do edifício, onde são realizados essencialmente trabalhos administrativos, sendo avaliadas Cadeiras/Assentos (7 Itens); Secretárias e outro Mobiliário (4 Itens) e Equipamentos Informáticos (13 Itens).
O edifício é composto por Balneários/Vestiários (5 Itens), Cozinha (3 Itens) e Sala de Reuniões/Descanso (1 Item), estes tópicos também são referidos na Lista de Verificação. Por fim, temos o tópico da Ferramentaria/Paiol  (4 Itens), onde tal como o nome indica, é feito o armazenamento de diversos tipos de material necessárias ao trabalho desenvolvido.
No quartel estão presentes 6 funcionários de serviço por turno, no entanto, e na maioria das vezes  encontram-se a realizar trabalhos fora do edifício. 
Uma das dificuldades com que nos deparámos deveu-se ao facto de ser difícil avaliar corretamente estes postos de trabalho, pois certamente que no exterior, os trabalhadores estão expostos a diversos tipos de riscos que não são possíveis de identificar. Existem riscos gerais que podem ocorrer em qualquer tipo de intervenção de emergência, como:

  • Ambiente de trabalho - trabalho em áreas de difícil acesso; exposição a condições meteorológicas instáveis; perigos imprevisíveis em desastre como o perigo de colapso de estruturas; 
  • Estado emocional e psicológico - lidar com mortes e feridos; actividades de alta responsabilidade no auxílio a indivíduos; horas de trabalho imprevisíveis.
  • Estado físico - trabalho exigente fisicamente; pausas insuficientes;  a manipulação  (equipamento pesado de proteção, transporte de pacientes, levantamento de pesos).
Em caso de desastres naturais, os trabalhadores podem ficar expostos a outros riscos como:,
  • Doenças transmitidas por via hídrica  caso exista contato com água contaminada (diarreia, cólera, febre tifoide, hepatite A, hepatite E, doenças parasitárias).
  • Doenças transmitidas por contacto (HIV, hepatite B e hepatite C);
  • Doenças transmitidas por vetores (malária, dengue, febre do Nilo Ocidental);
  • Problemas respiratórios; ferimentos graves provocados por destroços; afogamento; o confronto com animais selvagens, agressivos ou infetado, doméstica, entre outros.


Deste modo, a avaliação realizada remete-se apenas para a identificação de perigos no edifício em causa.
Mais uma vez, e com o objetivo de testar o novo documento de avaliação a implementar, realizámos uma visita ao local. 
Na sequência da visita, algumas alterações tiveram de ser implementadas como o aumento do número de itens, devido a  informação em falta, assim como uma reestruturação nos tópicos escolhidos.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Acidente de Trabalho no Porto de Sines

Terminal de contentores

Operador morre após
queda de 30 metros


Um operador da PSA Sines, de 26 anos, morreu na madrugada desta quinta-feira, cerca das 02h00, na sequência de uma queda de cerca de 30 metros de altura no terminal de contentores.

O trabalhador estaria a bordo de um navio e, em circunstâncias ainda por apurar, caiu do convés para o porão da embarcação que estaria em manobras de carga e descarga de contentores.

A vítima sofreu múltiplas fraturas e não resistiu aos ferimentos, acabando por falecer no local.

"Os bombeiros e a VMER do Hospital do Litoral Alentejano foram para o local e apesar das tentativas de reanimação não foi possível salvar a vítima", adiantou fonte dos bombeiros voluntários de Sines.

O corpo foi transportado para a morgue do Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém.

Correio da manhã, 4 de abril de 2013


Na sequência desta notícia, muito em breve abordarei numa publicação, o tema quedas em altura onde serão referidos alguns cuidados fundamentais a ter em conta num trabalho em altitude.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Lesões e Doenças Provenientes de Riscos Ergonómicos

No ano de 2000, a Semana Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho abordou o tema das lesões musculosqueléticas, cujo lema “Não vires as costas às perturbações musculosqueléticas" com esta iniciativa, pretendeu-se apelar aos empregadores e trabalhadores para os aspetos da prevenção deste tipo de lesões ou doenças.

As lesões musculosqueléticas relacionadas com o trabalho designam-se por LMERT ou LMELT e são resultantes da ação de fatores de risco profissionais. Consideradas síndromes de dor crónica, estas lesões podem afetar diferentes partes do corpo, como, a mão, punho, cotovelo, ombro, pescoço, joelho e coluna vertebral, incluindo um conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas do sistema locomotor.
É importante conhecer as lesões e implementar medidas preventivas, investindo em locais de trabalho mais saudáveis e adaptados às funções desempenhadas e aos profissionais que as desenvolvem.


As LMERT apresentam os seguintes sintomas:
  • Dor, a maior parte das vezes localizada, mas que pode irradiar para áreas corporais;
  • Sensação de dormência ou “formigueiros” na zona afetada ou em zona próxima;
  • Sensação de peso;
  • Fadiga ou desconforto localizado;
  • Sensação perda de força.

Causas das LMERT:

As causas das LMERT são provocadas por vários elementos, ainda que a “sobrecarga” a nível dos tendões, dos músculos, das articulações e dos nervos constitua importante fator de risco. Essa “sobrecarga” é composta por:

Fatores de Risco relacionado com a atividade de trabalho
  • Adoção de posturas incorretas; 
  • Trabalho físico pesado; 
  • Trabalho por turnos; 
  • Repetitividade; 
  • Jornadas de trabalho prolongadas; 
  • Disposição incorreta do mobiliário; 
  • Área reduzida para desempenho de tarefas;
  • Ambiente de trabalho desconfortável.
Fatores individuais
  • Idade;
  • Sexo;
  • Altura, peso e outras características antropométricas;
  • Situação de Saúde.
Fatores de risco organizacionais/psicossociais
  • Ritmos intensos de trabalho;
  • Monotonia das tarefas;
  • Pressão exercida sobre o trabalhador;
  • Incentivo ao aumento da produtividade por diferenciação salarial;
  • Insuficiente suporte social;
  • Modelo Organizacional de Produção;

De facto, a intervenção preventiva envolvendo exclusivamente o trabalhador, através da sua formação e informação sobre aprendizagem dos gestos profissionais ou sobre ações tendentes a reduzir a suscetibilidade individual, não deve contudo, substituir a melhoria das condições de trabalho no que respeita às políticas de Saúde e Segurança.
A tabela seguinte indica algumas doenças associadas a fatores de riscos profissionais e alguns conselhos para a sua prevenção. 

Tabela 1: Algumas Doenças do Aparelho Locomotor Relacionadas com o Trabalho (Adaptado do Decreto Regulamentar nº 76/2007)



Caros leitores, para terminar deixo-vos mais alguns exemplos de prevenção que podem ser adotados. Obrigada e até breve!!

Imagem 1: Exercícios para as Mãos e Punhos
Imagem 2: Exercícios de Alongamento
Imagem 3: Movimentação Manual de Carga


Imagem 4: Postura Correta

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Riscos Ergonómicos

Um trabalho administrativo pode estar exposto a qualquer um dos agentes anteriormente referidos, no entanto, os mais frequentes, são os agentes ergonómicos
A Ergonomia é um tema fundamental para garantir uma maior eficiência na gestão de recursos humanos das organizações, a três grandes níveis:

  • Ao nível do subsistema de descrição e análise de funções (contributo para o desenho organizacional e afetação pessoa-função-posto de trabalho); 
  • Ao nível da análise de riscos e prevenção de acidentes de trabalho (saúde ocupacional); 
  • Ao nível da sensibilização dos responsáveis organizacionais por áreas funcionais e dos colaboradores da base operacional da estrutura organizacional (ações de formação profissional dirigidas). 

Segundo a OIT, Organização Internacional do Trabalho (1960), entende-se por ergonomia a aplicação das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para conseguir o ótimo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar.

Podemos também conceber ergonomia por, o estudo científico da relação entre o homem e os seus meios, métodos e espaços de trabalho. O seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas cientificas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspetiva de aplicação, deve resultar numa melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida  (IEA- International Ergonomics Association).

A Ergonomia pode ser dividida em:


De acordo com Cabral, Fernando (2003), subsiste frequentemente a ideia de que a generalidade dos estabelecimentos comerciais, de escritórios e serviços são locais de reduzido grau de perigosidade pelo que, muitas vezes, não lhes é prestado o cuidado e atenção que efetivamente merecem. 
Deste modo, um escritório com toda a sua complexidade, tanto materiais como humanos, exige uma estrutura bem planeada e organizada, para que possa funcionar numa otimização de custos e eficiência.





"Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adaptar às mudanças"
Leon C. Megginson

Tanto a imagem como a frase anteriormente referidas, resumem o que se entende por evolução humana. No entanto, e apesar da palavra "mudança" ser encarada quase sempre como algo positivo,  a ilustração é um bom exemplo de como a evolução nos pode afetar negativamente.
A adoção de posturas incorretas pode dar origem a problemas graves para a saúde podendo estes se tornar crónicos. Assim, no que respeita à análise de funções, e de modo a identificar os Riscos Ergonómicos, fatores psicofisiológicos relacionados ao trabalho que o ser humano fica exposto durante o desenvolvimento das suas atividades, a importância da ergonomia deverá sempre considerar as seguintes variáveis:

  • O tipo de tarefas a desempenhar;
  • As características dos operadores;
  • O tipo de competências exigidas aos operadores;
  • Os resultados esperados pela organização;
  • Os constrangimentos particulares presentes na situação de trabalho.

Existem algumas anomalias que surgem com frequência nos locais de trabalho administrativo, como o Espaço livreAlcance, ForçaPostura.

Espaço Livre

Imagem adaptada de Filmes do Napo,
disponível em: http://www.napofilm.net/pt/napos-films
O Espaço Livre, é determinado pela dimensão mínima aceitável de um espaço ou objeto. Num posto de trabalho, para além do pé-direito aconselhável de 3 metros, tal como indica a legislação (alínea c), ponto 2, do artigo 4.º, secção I, CAPÌTULO II, do Decreto-Lei 243/86, de 20 de Agosto), deve ser tida em consideração a área disponível para os operadores.  
A amplitude dos espaços e a sua ocupação com máquinas e/ou produtos, não deve ser inferior a 1,80 m2, devendo a dimensão do mesmo ser compatível com o número de profissionais que ali desempenham funções (ponto 2, do artigo 2.º da Portaria nº 987/83 de 6 de Outubro).
A largura das vias de passagem e o espaço entre postos de trabalho, deve ser suficiente para uma livre circulação evitando comprometer a saúde e bem-estar dos trabalhadores (alínea a), ponto 2, do artigo 4.º, secção I, CAPITULO II,  do Decreto-Lei nº 243/86 de 20 de Agosto).


Alcance 

O Alcance é determinado pela dimensão máxima aceitável e tem a ver com a possibilidade de agarrar e/ou operar controlos manuais e/ou pedais. O alcance deve permitir ao trabalhador desempenhar corretamente as sua funções sem fazer nenhum esforço físico ou adotar posturas incorretas.
Força

A Força relaciona-se com os limites aceitáveis de aplicação de força máxima de controlo de operações também manuais ou pedais. 
Neste sentido, e relativo ao trabalho administrativo, entende-se por movimentação manual de carga, qualquer operação de transporte e sustentação de uma carga, por um ou mais trabalhadores que devido às suas características ou condições ergonómicas desfavoráveis, comporte riscos para os mesmos (artigo 3.º do Decreto-Lei nº 330/93 de 25 de Setembro).
Considera-se carga demasiado pesada a superior a 30 Kg, em operações ocasionais e a superior a 20 Kg, em operações frequentes (artigo 5.º do mesmo diploma legal).
No que diz respeito a mulheres adultas, o peso máximo de cargas deverá ser sensivelmente inferiores ao que for admitido para os homens.
Já no que respeita à trabalhadora grávida, a movimentação manual de cargas apresenta limite máximo de 10 Kg (artigo 57.º, Secção II, da Lei nº 102/2009 de 10 de Setembro).


Imagem adaptada de Filmes do Napo, 
disponível em: http://www.napofilm.net/pt/napos-films
Imagem adaptada de Filmes do Napo, 
disponível em: http://www.napofilm.net/pt/napos-films





Posturas

Pode-se definir como a orientação dos segmentos corporais no espaço e é determinada pelas dimensões do local de trabalho. 
O plano de trabalho deve situar-se a uma altura adequada, em função da estatura do trabalhador e do tipo de tarefa a realizar (se exige precisão, se requer esforço visual, se utiliza o computador).

Cadeira/Acento
Imagem adaptada de Filmes do Napo, 
disponível em: http://www.napofilm.net/pt/napos-films
  • O individuo que realize trabalho sentado, deve dispor de assento apropriado, devendo este ser estável e confortável, permitindo o ajuste em altura assim como liberdade de movimentos;
  • A inclinação das costas também deve ser regulável.
  • Por razões de equilíbrio dinâmico as cadeiras devem ser de cinco apoios;

Imagem adaptada de Filmes do Napo, 
disponível em: http://www.napofilm.net/pt/napos-films
Secretárias e outro Mobiliário
  • As superfícies das instalações e dos planos de trabalho não devem provocar reflexos prejudiciais ou encadeamento. 
  • O mobiliário  (secretárias, armários, arquivos e estantes) deve possuir as dimensões adequadas, ser estáveis, estar em boas condições de conservação e proporcionarem conforto na sua utilização. 
  • O equipamento e objetos utilizados com maior frequência  devem ser alcançados sem necessidade de virar a cabeça e o tronco.

Equipamentos Informáticos
Imagem adaptada de Filmes do Napo, 
disponível em: http://www.napofilm.net/pt/napos-films
  • Os trabalhadores devem ter formação para a utilização dos equipamentos de trabalho (utilização de arquivos, material informático);
  • Não se deve verificar desgaste do material informático (teclas ilegíveis, rato sem sensibilidade);
  • A disposição do posto de trabalho deve evitar risco de encandeamento direto e de reflexos no visor;
  • As imagens nas unidades de visualização devem ser bem definidas, claramente delineadas, de dimensão suficiente e com um espaçamento entre linhas apropriado, com brilho e contraste ajustáveis e isenta de vibração;
  • As unidades de visualização devem permitir ser ajustadas de acordo com as necessidades do utilizador (altura, inclinação e rotação) e fixadas nas posições pretendidas;
  • A distância entra os olhos e o ecrã deve estar compreendida entre os 50 cm e os 80 cm;
  • O teclado deve ser de inclinação regulável e estar dissociado do monitor, permitindo a adoção de postura confortável para o tronco, braços e mãos;
  • O espaço em frente do teclado e rato deve ser suficiente para o trabalhador apoiar os pulsos;
  • O teclado e o rato devem estar próximos e ao mesmo nível;
  • A superfície do teclado deve ser baça, evitando reflexos, sendo fácil distinguir os símbolos inscritos nas teclas e permitindo uma postura de trabalho correta.


Documentos de Interesse: